segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Psicólogos podem prescrever remédios?


De forma alguma. A prescrição de remédios psiquiátricos é de exclusividade dos médicos, e sobretudo dos psiquiatras. Ele possui o estudo e o conhecimento para receitar o melhor remédio para cada situação que peça um remédio. E sugerimos fortemente que seja sempre por um médico psiquiatra, que é o especialista nessa área, pois comumente clínicos gerais e outras especialidades receitam remédios como ansiolíticos e antidepressivos, sem ter o mesmo corpo de conhecimento da Psiquiatria.
Aos psicólogos cabem outras técnicas de tratamento, que também são exclusivas dele, como a psicoterapia e o uso de testes psicológicos.
Caso algum psicólogo receite remédios, principalmente os de tarja preta, pelo seu próprio bem e por uma questão de ética, você pode a qualquer momento denunciá-lo para o Conselho Regional de Psicologia, pois essa é uma prática que além de impedida pelos conselhos de Psicologia, constitui exercício ilegal da Medicina, passível de punição por lei.
Se algum deles prescrever remédios que não precisam de prescrição médica, como fitoterápicos e calmantes naturais, chás e compostos orgânicos, fique atento. O profissional de Psicologia não precisa utilizar-se de tais métodos.

Andre Borghi

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Psicólogos não estão te analisando todo o tempo

Outro mito muito parecido com a adivinhação de pensamentos. E esse erro parte metade por uma crença popular sobre o que é “analisar”, e metade por nossa própria culpa, dos psicólogos.

Em primeiro lugar, nem todos os psicólogos analisam seus pacientes, isso depende de qual abordagem esse ou aquele utiliza, normalmente é mais utilizada como técnica pelos psicólogos de base ou inspiração psicanalítica. A própria palavra analisar normalmente é confundida com diagnosticar. Assim as pessoas tanto possuem medo de que os profissionais de Psicologia saiam analisando seus problemas, como que saiam dando doenças para elas.

No entanto, tanto a análise daqueles que utilizam essa técnica, quando o diagnóstico, nunca é possível em uma conversa trivial. Se você encontrar um psicólogo na rua e conversar com ele, ele pode até tentar analisar, mas não conseguirá muita coisa. Se você conversar com um deles pelo MSN e contar seus problemas, ele pode tentar entender qual patologia você tem, se tiver, mas não terá certeza e não poderá portanto dar um diagnóstico.

Isso acontece porque tanto a análise quanto o diagnóstico são coisas complexas feitas pelos psicólogos. Elas precisam de tempo, de várias perguntas, de um local apropriado que normalmente é um consultório. Não pode ser feito brincando e rapidinho numa conversa na rua. 

Apesar de o Conselho Federal de Psicologia atualmente permitir as consultas via internet, eu particularmente não confio ainda na eficácia desse modo de atuar, pois não conta com a presença física da pessoa. Como vimos no primeiro mito da adivinhação de pensamentos, os gestos, o tom de voz, as expressões faciais, são coisas muito importantes, e mesmo uma câmera (webcam) não substituirá a experiência de estar cara a cara com o paciente.

Como visto, psicólogos não estarão te analisando se você não estiver em tratamento com eles. Se você conheceu alguém que fez isso, conheceu alguém que apenas brincou de analisar.

Isso pode ter um motivo simples, e é aí que entra nossa própria culpa. Na faculdade, há determinadas matérias que são empolgantes por si mesmas, como o estudo das patologias mentais (Psicopatologia), os testes, os comportamentos esperados, os tipos de personalidade, e tudo isso acaba empolgando os estudantes, que podem se pegar diagnosticando e analisando pessoas, seus amigos e até mesmo seus parentes. Isso é normal, ainda são estudantes e estão admirados com os novos conhecimentos que obtiveram, e talvez ainda não tenham aprendido a utilizá-los de modo adequado socialmente. É como uma forma de treinamento meio grosseiro, que por um lado ajuda na aprendizagem, mas por outro pode irritar as pessoas, que acabam servindo de cobaias. Esse tipo de comportamento não é incentivado na formação, muito pelo contrário, mas sabemos que ocorre.

No entanto, uma vez formados, psicólogos devem agir ainda mais rigidamente em relação a ética de sua profissão do que os estudantes. Agora não precisam mais estar empolgados, já passaram pelos estágios, e devem saber usar com sabedoria o que aprenderam.

Então se você conheceu alguém que te analisou sem que você tivesse solicitado seus serviços ou sequer uma opinião, e você se ofendeu com isso, tenha em mente que essa pessoa representa uma minoria, que isso não é apropriado em nossa profissão e caso queira, lembre-o que em sua formação foi dito para que evitasse tal comportamento. Ele certamente se lembrará ;-)

Andre Borghi


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Como montar seu currículo corretamente

O currículo é seu cartão de apresentação. Ele é um documento que resume sua vida profissional, o quanto e o que você estudou. Ele diz à pessoa que quer contratar se você tem as características que ele precisa ou não. É o seu identificador no mercado de trabalho.

Quando alguém está procurando um funcionário, olha seu currículo antes. Os selecionadores de RH olham o currículo antes de fazer as entrevistas e testes. Se o currículo estiver bom, o candidato tem mais chance de passar à fase seguinte. Senão, pode ser descartado sem sequer passar pelas fases seguintes.

Portanto é muito importante ter um currículo, e mais ainda, saber como fazê-lo corretamente.

Vamos mostrar o que deve conter seu currículo, e dar dicas sobre cada parte.

Exemplo de dados pessoais. Dados omitidos para fins de privacidade.
Dados e informações para que você seja localizado:

- Seu nome completo
- Seu endereço correto e atualizado
- Seu telefone atualizado, fixo e celular (de preferência)
- Seu e-mail

Dicas:

- Pode parecer óbvio demais que precisemos avisar sobre esses ítens, mas é impressionante a quantidade de currículos que são enviados sem endereço, ou sem telefone, o tipo do currículo que costumamos, de brincadeira, chamar de "se gostou de mim, me encontre".

- Além da dificuldade de entrar em contato com o candidato, isso imediatamente faz empregadores e selecionadores considerarem que houve desleixo do candidato ao criar seu currículo, uma vez que essas informações são básicas e necessárias por motivos óbvios, e um documento como esse deve ser lido e relido antes de ser entregue nas mãos de alguém.

- Após enviar o currículo, esteja atento para atender suas ligações, mesmo quando elas são ligações não identificadas e confira sempre sua caixa de e-mail, inclusive tomando o cuidado de ver os e-mails que possam ter sido classificados como spam. E-mails gratuitos como Bol, Hotmail e Gmail costumam classificar automaticamente como spam e podem ter colocado na pasta spam um e-mail importante. Portanto, sempre confira.

- Outra coisa muito importante é que o e-mail diz muito sobre você. Coloque um email sério, preferencialmente com seu nome próprio. E-mails com apelidos ou nicknames não são bem vistos e não passam sensação de seriedade a quem for ler.

Dados pessoais:

Características sobre você que são valiosas para quem vai ler seu currículo.

- Idade (pode ser colocado como data de nascimento)
- Estado civil
- Naturalidade (cidade/estado onde você nasceu)
- Nacionalidade (país onde você nasceu ou, em alguns casos, adquiriu nacionalidade)

Dicas:

- Dados pessoais e dados para localização podem ser colocados juntos logo no início do currículo.

Exemplo:

Nome: Andre Luis Araujo Borghi
Data de nascimento: 22/09/1983
Naturalidade: Campinas-SP
Nacionalidade: brasileira
Estado civil: solteiro

Endereço: Rua xxx, número xxx, bairro xxx, cidade xxx, estado xxx, CEP xxx
Telefone:  residencial: xxxxxxxxxx celular: xxxxxxxxxxxxx
E-mail: xxxxxxxxx@xxxxx.xxx.xx

Agora vamos para as informações a respeito da sua vida profissional e sua qualificação.

Exemplo de formação 
Escolaridade (Formação) e cursos profissionalizantes.

- Colocar sempre a última formação. Se você tiver nível superior, informar em qual curso você é formado, se tiver nível médio ou nível fundamental, informar. Não é necessário, por exemplo, caso você seja formado em Análise de Sistemas (nível superior), informar qual colégio estudou. Basta informar sua formação universitária, por qual instituição, e em que ano. Tendo nível superior, é isso que importa a quem for analisar, e saber em qual colégio você estudou antes disso é desnecessário.

- Informar também os cursos que você fez para aperfeiçoamento, como cursos em congressos, cursos de extensão da sua área, por instituições como Senac, cursos técnicos, etc. Informar juntamente ano de conclusão desses cursos, e preferencialmente, a carga horário que tiveram.

Exemplo:
Manutenção de micro-computadores, SENAC, 1999. (carga horária: 16 horas)

Dicas:

- Caso queira separar sua formação dos cursos, pode colocá-los em seções separadas como Formação e Cursos profissionalizantes ou complementares.

- Se você está enviando um currículo para um vaga de emprego que você já sabe qual é, por exemplo, se você viu um aviso de "precisa-se" afixado na parede ou mesmo recebeu uma de nossas vagas, então não precisa informar cursos que não tenham a ver com a área pedida. Por exemplo, se você está mandando um currículo para uma vaga de analista de sistemas, todos os cursos da área de informática são extremamente úteis, mas não nos mande um currículo com curso de culinária ou primeiros socorros. Serão irrelevantes para a vaga em questão.

- Alguns cursos são requeridos e bem vistos em vários tipos de vagas, como o de informática básica e inglês. Pode colocá-los em qualquer currículo, caso os tenha.

- Tenha em mente que os empregadores podem querer se certificar de que você tem mesmo todos os cursos que está dizendo que tem. Portanto, sempre que possível, tenha em mãos os certificados e seja sempre honesto sobre suas habilidades. Aumentá-las pode produzir um currículo interessante à primeira vista, mas essas informações sempre são checadas nas entrevistas, e você pode gerar uma má imagem para você se for descoberto que os cursos não são verdadeiros.

Exemplo de dados pessoais. Dados omitidos para fins de privacidade.
Experiências Profissionais

Muitas vagas não exigem experiência profissional, e se você está começando agora e não tem experiência, não precisa se preocupar em preencher essa parte.

Mas se você tem experiência, é aqui que vai relatá-la com:

- Empresa ou instituição em que você trabalhou
- Cargo que ocupava
- Principais atividades que realizava
- Ano de início e ano de término

Exemplo:


XXXX Recursos Humanos  

Cargo: Consultora de Recursos Humanos (Dezembro 2009 a agosto de 2010)

Principais Atividades:
Entrevistas de seleção por competências, avaliações psicológica, dinâmicas de grupo, elaboração de relatórios, administração de pessoal, acompanhamento de projetos entre outras atividades.


Dicas:

- Nas principais atividades, informar o que você fazia ocupando aquele cargo naquela empresa, dando preferência àquelas de maior importância. Se nessa empresa vocês possuíam o hábito de revezarem-se na organização e limpeza da sala ocupada, isso não precisa ser informado no currículo.

- Informar ano de início e ano de término da experiência dá ao entrevistador uma noção de quanto tempo você permaneceu em cada lugar trabalhando. Não se preocupe se passou pouco tempo em alguma empresa ou se tem vergonha de dizer por que saiu. Essas informações não precisam ser ditas no currículo, serão esclarecidas depois na entrevista. Se você foi chamado à entrevista mesmo tendo passado pouco tempo em casa empresa, é porque suas informações foram interessantes mesmo assim. Portanto, não tenha medo de ser honesto em seu currículo, e não esconda essas informações.

 Dicas Gerais

- Muitos modelos de currículo colocam o objetivo profissional. Como "quero me aperfeiçoar na área" e "usar meus conhecimentos para crescer junto com a instituição". Isso não é relevante e não é necessário colocar no seu currículo.

- No caso dos conhecimentos em informática e língua estrangeira, muitas pessoas gostam de exagerar suas habilidades e acreditam que isso não afetará em nada. Não recomendamos essa atitude. Se você possui conhecimentos intermediários de inglês, por exemplo, não coloque conhecimentos avançados. Alguns processos de seleção envolvem testes específicos para inglês e informática, por exemplo, e você pode se complicar caso não tenha sido honesto, por isso, a atitude afeta as chances de conseguir o emprego sim. Lembre-se que seu currículo faz parte da sua imagem, e a honestidade no momento de fazê-lo conta muito no próprio processo seletivo.

- Habilidades como boa capacidade de relacionar-se, trabalhar em equipe ou boa fluência verbal serão detectadas nas entrevistas e testes do processo seletivo. Não precisam ser mencionadas no currículo.

- Se você está se candidatando à vagas que precisam de condução própria, como motoristas, trabalho externo ou quando a própria vaga está anunciando essa necessidade, informe caso tenha. Do contrário, não é necessário.

- Faça seu currículo de forma que não possua mais de três páginas. Se for possível, em uma ou duas no máximo. Pesquisas recentes indicam que os currículos grandes não são totalmente lidos pelos empregadores, e em geral eles param nas primeiras páginas. A função do currículo é apenas a apresentação e resumo de informações sobre você. Os demais detalhes serão verificados nas fases seguintes da seleção, como nas entrevistas e testes.

- Importante é ter em mente que precisa ser honesto no que informa, ser objetivo (informar apenas as coisas realmente importantes) e nunca esquecer dos dados que permitem as pessoas localizarem você facilmente, como telefone e endereço.

- Atenção total à correta escrita. Erros de português não são bem vistos. Por isso, leia seu currículo e veja se está tudo bem antes de enviá-lo. Nunca é demais repetir: ele é seu cartão de apresentação.


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Nivia Cristiny / Andre Borghi
Gestalt Psicologia Clínica e Recursos Humanos, 2010.








quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Psicólogos não adivinham o que você está pensando

Muitas pessoas, ao conversarem conosco fora dos consultórios, na vida cotidiana em si, param e nos perguntam se estamos tentando adivinhar o que elas estão pensando. 

Isso é um mito. Primeiro que a chance de alguém adivinhar o pensamento de outra pessoa é praticamente nula, seja psicólogo ou não. De milhões de pensamentos que uma pessoa pode ter, como podemos saber exatamente o que ela está pensando?

Segundo, na nossa prática profissional, isso não é necessário. Partimos do princípio de que ninguém se conhece melhor do que você mesmo, e portanto confiamos que no tratamento ou nas sessões, você irá nos dizer o que acha importante dizer. Ou se não disser, na hora que achar apropriado irá decidir dizer. Outra coisa interessante é que podemos ter informações sobre uma pessoa não apenas pelo que ela diz, mas como ela se comporta, como diz, e até mesmo através dos gestos corporais.

Se há tantas formas pelas quais podemos trabalhar, não precisamos do super-poder de captar seus pensamentos. Não há nenhuma aula que nos ensine a isso na graduação ou nos treinamentos, não possui base científica e portanto não é verdadeiro.

O que pode ocorrer é que você esteja numa sessão, não queira dizer algo ou não percebeu que estava pensando algo, e seu psicólogo lhe diz exatamente o que você estava pensando. Ele adivinhou? Certamente que não. Então como ele fez isso? Bom, significa que provavelmente ele é um bom profissional, talvez tenha experiência no tipo de problema que você apresentou a ele, é bastante sensível aos sinais que você mostra e com isso, conseguiu falar exatamente algo que tinha a ver com um pensamento que até então você não tinha falado. Pode parecer adivinhação, mas são técnicas próprias da profissão.

No caso dos distúrbios, por exemplo, há pensamentos que são comuns a todas as pessoas que possuem certo distúrbio, então não é tão difícil imaginar que ela esteja preocupada com algo ou pensando em algo, como todas as outras que estão passando pela mesma situação, ou seja, tem o mesmo distúrbio.

Se isso ocorrer, de um psicólogo acertar o que você está pensando, não é motivo de medo ou para pensar que é uma invasão de privacidade. É motivo de confiança, pois provavelmente é um bom profissional que está com você. Ele não tem acesso aos seus pensamentos se você não der esse acesso. Isso também mostra como é importante que você participe ativamente do tratamento caso queira um bom resultado. Ou seja, se acredita que tem algo importante que seu terapeuta deveria saber, conte a ele.

Se algum psicólogo diz que pode captar seus pensamentos, e isso lhe parecer uma atividade que foge a ciência, ou seja, algo de maneira sobrenatural, suspeite. Lembre-se que a Psicologia é uma ciência e como tal utiliza técnicas próprias que nunca entram no campo do sobrenatural ou exotérico.