segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Nova vaga para 28/02/11 - CONSULTOR DE PÓS-VENDAS

 para CLIENTE DO PÓLO DE DUAS RODAS

CONSULTOR DE PÓS VENDAS


- Ensino Superior Completo ou Cursando;
- Desejável curso de Mecânica de Motos;
- Sólidos Conhecimentos em Mecânica de Motocicletas;
- Experiência em Indústria de Motocicletas ou Concessionárias;
- Conhecimento em Pacote Office;
- Disponibilidade para viagens, pois cuidará dos estados: do TO / AM / AP / RR / RO / AC / PA, visitando as revendas com roteiro mensal que ele mesmo fará;

PRINCIPAIS ATIVIDADES

- Suporte Técnico e Administrativo a Rede de Concessionárias;
- Avaliação das Concessionárias;
- Treinamentos;
- Avaliação e Auditoria Garantida;
- Solução de Problemas Técnicos Críticos. 


Interessados que atendam o perfil enviar currículos informando o título da vaga no assunto para e-mail: selecao.gestalt@gmail.com até 04/03/11


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Novas vagas para 15/02/11

CLIENTE DO PÓLO DE DUAS RODAS


Líder de Segurança Patrimonial


- Cursando Nível Superior preferencialmente em gestão de segurança privada;
- Informática Nível de Usuário;
- Experiência em Indústrias do Pólo Industrial de Manaus.

Principais Atividades:

Será responsável por liderar os agentes de portaria de uma empresa terceirizada.
Responsável por toda a rotina de segurança da empresa que envolve atendimento de portaria, revista, integração de novos funcionários, atendimento aos funcionários, segurança das entradas e saídas , monitoramento das câmeras internas e externas, etc.


Interessados que atendam o perfil enviar currículos informando "líder de segurança patrimonial" no assunto para o e-mail: selecao.gestalt@gmail.com até 18/02/11


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Por uma abordagem menos cínica do Bullying

O Bullying

A maioria de nós já esteve na escola. Vivemos uma época inesquecível, por ser boa ou má, e é algo que nos marca para o resto de nossa vida. Rimos, choramos, e nos preocupamos com coisas que hoje, crescidos, acreditamos que eram bobas e que poderiam facilmente serem solucionadas. Fosse o medo de entrar no banheiro e encontrar a "loira que voltava dos mortos", fosse um escorregão na escada em que todos riram de você, fosse aquela prova de operações simples de matemática, mas que parecia enorme e complicada. Hoje você não teria medo do fantasma do banheiro, talvez risse de si mesmo quando caísse e resolveria quase automaticamente aquela maldita conta de dividir. 

Hoje. Porque hoje você tem uma mentalidade diferente, tem um acúmulo incrivelmente maior de experiências, tem uma formação neuronal diferente, e crenças diferentes pelas quais direciona seus atos. Você vê as fotos e percebe como os valentões que te amedrontavam não passam de pirralhinhos de mais ou menos um metro de altura, e se pergunta como podia ter medo deles. Olha a escada em que caiu, aquela mesma que parecia enorme e interminável, e repara que na verdade ela tem quatro degraus. Como podia ser tão pequena e parecer tão grande? 

O problema é que você também era um pirralhinho, ou uma pirralhinha, e tudo ao seu redor era maior. Também tinha um entendimento infantil dos fatos, com os medos típicos de criança. Naquela época, seus medos eram reais, os monstros que você enfrentava eram grandes. 

A maioria irá crescer e lembrar dessa fase como uma época emblemática, às vezes saudosa, às vezes não, que terá definido boa parte do que você é hoje, mas sem nenhuma consequência prejudicial ao seu comportamento de adulto. Mas algumas pessoas não conseguem deixar esse passado, por terem sido vítimas de situações que humilhavam e amedrontavam. Creio que todos nós podemos lembrar de pelo menos uma delas, mas essas pessoas podem lhe dizer que lembram de várias, que eram recorrentes, a ponto de se tornarem insuportáveis. É o que hoje é chamado de Bullying, fenômeno que está na moda agora pelo foco das mídias.

Aliás, o efeito de atenção seletiva da mídia é interessante, e rende muito assunto. Temos a nítida impressão que mais crimes e desastres naturais ocorrem agora. Recorrendo à história não é difícil perceber que eles sempre existiram. Alguns eventos tristes, como guerras por exemplo, podem parecer mais recorrentes, mas pesquisas históricas afirmam que elas ocorrem menos atualmente, e com menos vítimas. A diferença é que agora ficamos sabendo. Antigamente, poderíamos nem saber de um terremoto no Haití, hoje ficamos sabendo em tempo real pelo twitter. Assim também ocorre com o Bullying. Sempre existiu, mas basta um caso que gere interesse na mídia, e todos os próximos terão o foco dos noticíários para si, gerando uma avalanche de notícias de "bullying" a que teremos acesso. Com ela, a impressão de que está ocorrendo muito mais a cada dia que passa. Faço excessão apenas à acessibilidade proporcionada pela internet, gerando o bullying virtual, isso é realmente recente.

Livros foram lançados sobre o assunto, de especialistas, de vítimas. Notícias de pessoas que sofreram Bullying pipocam na TV, e emocionados com o sofrimento alheio rapidamente escolhemos algozes e vítimas.
Os praticantes de bullying são maus, e as vítimas são boas. 

O julgamento moral que gera um raciocínio simplista

Nosso cérebro adora pensar de forma polarizada. Quando existe apenas duas opções - branco ou preto, bom ou mau, certo ou errado, céu e inferno - existe uma economia de energia e tempo para o processamento de uma nova informação. É muito mais fácil e rápido do que fazer uma análise holística, ou seja, de todo o processo de forma complexa. E se é mais rápido e mais econômico, ele está agindo do modo como evoluiu para agir atráves de milhares de anos da nossa espécie. 

Mas por outro lado, gera alguns equívocos, como explicações muito simples que nada explicam situações que precisariam de mais tempo e sensibilidade para serem pensadas. Nessa corrida para julgar, esquecemos que às vezes o certo pode ser errado, o bom pode ficar mau, e que talvez haja uma terceira opção entre céu e inferno. Esse é o raciocínio mais complexo, e por isso mais completo, por que considera as circunstâncias ao redor do evento.

Na prática, essa é a diferença:

Explicação simplista:  O menino que humilhou a garotinha que usava aparelho nos dentes é malvado.

Explicação complexa:  O menino que humilhou a garotinha que usava aparelho nos dentes talvez tenha uma família disfuncional, ou não tenha sido educado adequadamente, pode ter sido também vítima anterior de Bullying, talvez sofra abuso físico dos pais, ou quem sabe, ele seja mesmo "malvado". E malvado possa se traduzir em Transtorno de Conduta, e quem sabe, comportamento anti-social no futuro.

Ou seja, são muito mais coisas para serem consideradas. Exige mais análise, e mais tempo. Dá mais trabalho.
Mas pode gerar um resultado, além de mais eficiente, talvez até mesmo mais justo com os envolvidos.

Preciso expor esse ponto de reflexão porque li recentemente um livro abordando um assunto, de uma especialista renomada e cheia de best-sellers, que caiu pela tentação de abordar de forma moral os participantes do evento, a exemplo da "explicação simplista".

Eu creio, pessoalmente, que a forma de abordar o Bullying não é essa.

A escola é um mundo à parte do que conhecemos

Primeiro precisamos assumir que quem foi vítima de Bullying tenderá a analisar com envolvimento emocional o assunto. Praticantes de Bullying são maus e ponto. Claro, há motivos óbvios para isso. Mas nós, que pensamos no assunto sem ter tido uma experiência traumatizante acerca , temos a chance de pensar de forma diferente. Antes de tudo, precisamos admitir que esquecemos muito do que era o mundo da criança ou mesmo dos adolescentes. 

Eu mesmo mal lembro de como era minha voz, ou meus trejeitos, ou como era o rosto da primeira garota por quem me apaixonei, naquelas típicas paixõezinhas infantis. Então certamente não lembro corretamente das leis que regiam meu mundo infantil. E para piorar a situação, ganhei várias novas teorias científicas, feitas por adultos que talvez não se lembrem muito bem também, e tenho vontade de analisar tudo sobre a ótica delas.
Mas, fazendo um pequeno esforço, eu consigo lembrar que as coisas eram bem diferentes do que a maioria dos adultos achavam que era.

Essa é a primeira premissa. Pais, professores, psicólogos, pedagogos, inspetores, todos que estão ao redor do mundo escolar, não conhecem de fato o mundo das crianças na escola. São elas quem conhecem. Essas pessoas todas já passaram pela mesma experiência, mas se esqueceram de boa parte delas e trocaram por conteúdos científicos ou verdades construídas socialmente. Talvez os professores sejam os que mais se aproximam desse mundo pelo tempo que passam dentro de um lugar bem enigmático desse mundo, a sala de aula.

Mas não adianta, muitas crianças são diferentes quando estão sozinhas, e quando estão acompanhadas dos adultos. Eu mesmo me lembro como rapidamente "ativava" outro comportamento assim que aparecesse um professor ou inspetor e pela presença de um ou outro, a situação mudava. Na minha casa, era completamente outro. Quando me soltavam com meus colegas, eu voltava ao "módulo escola". Quando meus pais iam na reunião escolar, era como se minha casa fosse até meu território escolar, então eu tinha que ativar meu "módulo casa" novamente, para não haver uma "inconformidade" no modo deles me verem. Dessa forma, os pais não sabem realmente como seus filhos se comportam na escola, e os professores sabem um pouco mais, mas não sabem como eles se comportam na sua ausência. E os educadores não sabem como eles são em casa realmente.

Diante de toda essa bagunça, parece que uma maior aproximação entre educadores, família, pedagogos e psicólogos pode ser benéfica. E é, quando é feito com cuidado, porque o mundo escolar tem certas regrinhas próprias que quando quebradas, vão gerar consequências para as crianças e adultos.

A leis do mundo escolar na ótica das crianças e adolescentes

Para os pais basta que os filhos tirem boas notas, tenham bom comportamento e, portanto, sejam bons alunos. Para os professores também. Esse é basicamente o mundo dos adultos na escola. Mas para os alunos, as coisas vão muito além de estudar, praticar e fazer provas. É preciso aprender a viver naquele ambiente, com os amigos, colegas, e inclusive "inimigos". É preciso sobreviver ali dentro, seja na própria sala de aula, ou na hora do recreio, onde tudo parece ocorrer.

Algumas coisas inevitáveis da vida irão ocorrer enquanto você está lá dentro, seja a maturação sexual de meninos e meninas, seja a primeira menstruação das meninas, seja a necessidade de afirmação própria dos meninos. É lá que meninos começarão a notar mudança nos corpos das meninas, e achá-las mais atraentes, é lá que as personalidades diferentes ficarão ainda mais diferentes. Surge o introspectivo, o estudioso, o popular, o repetente, o feio e o bonito, o que tem habilidade com o sexo oposto e o que não tem nenhuma. Essas coisas vão ocorrendo dentro da escola, e os alunos, crianças e adolescentes, precisam aprender a lidar com elas, porque geralmente os conselhos dos pais parecem obsoletos, ou são meramente proibitivos, ou geram constrangimento, como se fosse o personagem do pai no filme American Pie

Dentro desse samba do crioulo doido, surgem as noções de preconceito, de segregação, de auto-afirmação. Através da necessidade de auto-afirmação, muitas vezes surge a humilhação alheia, uma vez que normalmente essa última é usada como mecanismo propulsor do primeiro. Se eu rebaixo um colega, automaticamente eu me exalto. Se eu rebaixar um colega várias vezes, eu me exalto várias vezes. Os outros que me vêem exaltado, não querem ser rebaixados, então para eles é interessante manter aquele que foi rebaixado sempre dessa forma, para a humilhação não "passar para eles". E logo temos uma vítima de Bullying, vítima recorrente de um grupo, que pode se constituir normalmente de um líder, alguns mantenedores, e uma platéia que vê, as vezes acha engraçado, as vezes repudia, mas prefere não chamar atenção para si, e permanece apenas como uma platéia. Consegue lembrar de alguma cena assim que você tenha visto, ou mesmo participado? Que tal as rodinhas de briga? Dessa você se lembra ;-)

Uma vez que chegue um inspetor ou professor, todo esse circo pode desarmar em segundos. Haverão teorias diferentes de cada um dos lados, pais serão chamados. E agora, como agir?

Um conselho típico de alguns especialistas é que a vítima do Bullying comunique aos professores ou diretor sobre o evento. Tudo bem, algum adulto precisa saber para tomar uma atitude, mas os especialistas, esquecidos que são da própria infância, não atentam para o fato de que uma vítima que comunica o Bullying pode se tornar um X9 (aquele que delata), e portanto, é um "fraco" que "apelou" para o professor. Isso poderá torná-lo ainda mais vítima do Bullying, com humilhações piores. Então, como agir agora? É possível que a criança tenha que mudar de turno ou mesmo de escola, e receber tratamento especializado.

É difícil, portanto, lidar com o fenômeno depois de ocorrido. Acredito que a abordagem deve ser preventiva.

Como evitar que meu filho seja "malvado"?

Muitos pais devem pensar nisso, ou talvez, com mais medo ainda, de que seus filhos sejam as vítimas. Ainda mais se ele estiver no chamado grupo de risco (pouca assertividade, alguma característica física marcante,  constituição física muito menor que os demais, muito estudioso, trejeitos considerados do sexo oposto, algum fato constrangedor da família conhecido pelos colegas, etc). 

Tudo começa com uma boa educação, e em casa. Os responsáveis por educar o filho não são os programas de televisão, nem mesmo o Discovery Kids, nem a Igreja, nem a babá, mas os pais. A educação é um privilégio do qual não devem abrir mão. Tudo isso pode ajudar, mas o trabalho deve ser feito pelos pais. E explicando aos filhos de uma forma que eles possam entender a mensagem. Isso não envolve, obviamente, bofetadas, xingamentos e coação, já que isso irá lhes dar a primeira dica de que devem agir dessa forma no ambiente da escola. Se você bate no filho para resolver as coisas, com que moral irá dizer a ele que não deve bater nos coleguinhas para resolver as próprias coisas?

Ensinar a cordialidade é primordial. Tenha em mente outra lei incômoda, mas existente. Crianças cordiais ao extremo serão consideradas alvos em potencial. A criança pode ser educada e cordial, mas precisa saber se defender, ser assertiva. Não é sair batendo nos colegas, mas saber impor sua presença. 

Mas nada adianta colocar numa sala três crianças educadas para serem cordiais e um valentão. Em um semestre, ele estará aterrorizando as demais. Como é a escola quem "junta" todas as crianças no mesmo local, é apreciável que ela mesma tenha um bom programa educativo para complementar o repertório de comportamentos dos pequenos, desde cedo. Incentivar a amizade, a divisão de brinquedos e brincadeiras, e soluções pacíficas dos conflitos.

Pelos estudos de Piaget, sabemos que por volta dos 7 a 9 anos de idade, a criança é capaz de perceber que aquilo que dói em si, pode doer também no coleguinha. É a noção de reversibilidade, ou reciprocidade: "se alguém me humilhar, vou me sentir triste, portanto se eu humilhar meu coleguinha, ele também se sentirá triste, então não farei isso." Uma boa faixa etária para se começar os trabalhos mais voltados para o Bullying, não acha? Explicar o que é na linguagem que elas compreendam e o mal que pode fazer.

E por fim, creio que incentivar a concorrência sadia é uma boa forma de dar oportunidades de formação a esses indivíduos em formação, seja pelo esporte, seja fomentando criatividade, através de gincanas e feiras científicas. A concorrência vai surgir, é da nossa espécie, e é muito mais esperto saber lidar com ela, do que deixá-la surgir em formas de agressividade não produtiva.

A punição deve ser pensada com cuidado. Como apreciador de Skinner, tendo a achá-la ineficiente, e por vezes perigosa, gerando comportamentos paradoxais. Acredito haver formas mais inteligentes de fazer uma criança entender que errou e não recorrer no erro. Lembro-me de que na minha escola uma forma de punição era levar o aluno até a biblioteca e obrigá-lo a fazer uma redação com um tema proposto. Eles queriam me educar, ou me fazer acreditar que bibliotecas são locais punitivos e fazer redação é ruim? Felizmente não gerei essa associação, mas ....



Por fim

Fui tanto vítima de Bullying, como causador dele. Tão logo eu adquiri maior habilidade social e mais assertividade, lá estava eu fazendo a mesma coisa com outros coleguinhas, que fizeram comigo. Lembro com carinho de minha infância, de forma que nenhuma consequência desagradável trago com minha experiência nessa área. Mas penso que a prevenção inteligente é a única forma de lidar com fenômeno. Às vezes me pergunto quantas escolas não possuem sequer pedagogos e psicólogos que possam atuar nessa prevenção, e quantos professores despreparados estão nas fervilhantes salas de aula de nossos filhos, apontando alunos-problema e perpetuando tais comportamentos. Antes de resolvermos a qualidade da educação em nosso país, é absolutamente cínico pensar em Bullying como uma relação entre bons e maus.



Andre Borghi.