quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Psicólogos não podem ir a bares, à baladas ou sair para onde possam encontrar seus pacientes na noite?

Em nossa profissão, há psicólogos que defendem o comportamento de evitar locais em que possam ser encontrados por seus pacientes, na esperança de defender uma imagem ideal de profissionalismo. E há aqueles que acreditam que isso é um tabu sem necessidade.

Eu faço parte do segundo grupo. Volto a frisar que somos seres humanos, que no ambiente de trabalho somos profissionais. Assim, o psicólogo clínico deve evitar algumas coisas em seu consultório e momento de trabalho, como o psicólogo organizacional deve evitar algumas coisas em seu ambiente de trabalho. Mas fora dele, somos pessoas que temos direito a lazer, e a fazer o que gostamos de fazer. Isso é válido para qualquer profissão e para qualquer ser humano.

Policiais, por exemplo, são impedidos de ingerir bebidas alcoólicas quando estão em serviço. Mas quando estão de folga, não há nada que os impeça de tomar sua cervejinha, afinal, não estão de serviço.
No mundo de hoje, é quase impossível que um psicólogo consiga imaginar onde pode encontrar seus pacientes, e com isso evitá-los.

 Ao sair para uma balada, uma danceteria, um barzinho que seja, não há como saber com certeza quem estará lá. E na realidade, encontrar pacientes em locais como esse não deveria ser um problema. Primeiro que fora do consultório, seu paciente também é um ser humano que pode viver como bem entende, ele não é naquele momento seu paciente. Ele é quando está nas sessões. E você não é seu psicólogo, você é quando está trabalhando. Ali, caso se encontrem em um bar, por exemplo, são duas pessoas que tem uma relação de serviço, mas que são simplesmente pessoas. Podem se cumprimentar, conversar, como quaisquer duas pessoas fariam.
O paciente solicita os serviços do psicólogo para ser ajudada em algo, e não para dar-lhe satisfações de tudo de sua vida, da mesma forma que o psicólogo é solicitado para agir profissionalmente, e não precisa dar satisfações de sua própria vida pessoal. Os encontros casuais não afetam em nada o tratamento quando a relação é bem estabelecida entre ambos nas sessões.

Nós próprios sabemos como é saudável que a vida tenha várias facetas. O momento do trabalho, o momento da família, o momento do lazer, o momento do descanso. Se nós próprios agirmos como se respirássemos 24h a Psicologia e tivermos um comportamento demasiado rígido para ter uma imagem imaculada, estaremos na verdade projetando uma imagem contrária aquilo que nós mesmos costumamos sugerir aos pacientes.




Andre Borghi

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