segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Psicólogos tratam homossexualidade ?

Psicólogos não tratam homossexualidade simplesmente porque ela não é uma doença. Não é vista dessa forma pela Psicologia, e é oficialmente considerada como orientação sexual pela Organização Mundial da Saúde, o que fez com caísse em desuso a palavra homossexualismo, já que o sufixo “ismo”, na área de saúde, geralmente é usado para doenças.

Essa é a forma pela qual a ciência trata a questão, embora infelizmente outros círculos , como algumas religiões e culturas, ainda considere por uma questão de crença que a homossexualidade seja uma doença, e portanto, algo curável. É considerada crime em alguns países direcionados por crenças fundamentalistas.

Que não é uma doença ou desvio de comportamento já sabemos. Mas pesquisas na área vêm demonstrando que a orientação sexual não é uma escolha propriamente dita, mas que existe uma determinação genética, de funcionamento físico inclusive passando pelo mecanismo de feromônios e diferenças cerebrais. Quando se diz na Psicologia do Desenvolvimento que a tríade da personalidade é formada na adolescência, e com ela a orientação sexual seria “definida” nessa época, podemos estar confundindo com uma “descoberta”. Nesse sentido, pelo que a ciência vem encontrando ultimamente, em determinado momento a pessoa não se torna homossexual, mas na verdade toma consciência de sua orientação sexual, já previamente influenciada. As pressões sociais e a pressão advinda da própria pessoa, na dificuldade de admitir pertencer a uma minoria que costuma ser alvo de preconceito, poderiam atrasar, ou por meio de negação, complicar essa tomada de consciência, no vocabulário popular, “sair do armário”.

Isto é, confirmando essas evidências atuais, tratar uma pessoa homossexual para que deixe de sê-lo não tem apenas implicações éticas, no sentindo de afrontar a liberdade pessoal de um indivíduo, como seria completamente ineficaz, com consequências ruins a própria pessoa. Algo como tratar uma pessoa negra para ser branca, ou vice-versa, ou seja, além de expor inutilmente a pessoa a procedimentos inúteis e anti-éticos, não faz o menor sentido.

As afirmações insistentes de “patologizar” uma orientação sexual parte somente de questões culturais, definidas por mecanismos sociais, não encontrando nenhuma justificativa científica.
Aos psicólogos, portanto, é totalmente vedado qualquer tratamento que considere a homossexualidade como doença a ser tratada.

Recentemente, uma psicóloga chamada Rozângela Justino, foi punida com ato de censura pública pelo Conselho Federal de Psicologia, por promover e defender psicoterapias que conseguiriam, segundo ela, reverter a homossexualidade para comportamento heterossexual.

A psicóloga, que é ligada a igrejas evangélicas e provavelmente não soube separar corretamente suas crenças pessoais de seu exercício profissional e científico, pode ainda ter seu registro cassado. A notícia é de conhecimento popular pela imprensa e pode ser verificada por simples buscas na internet.

Segundo a fonte do Correio Braziliense, “Pesa contra Rozangela Justino a acusação de ter desrespeitado uma resolução do Conselho Federal de Psicologia, baixada em 22 de março de 1999, numerada como 1/99. Essa norma, que deve nortear o exercício da profissão, diz que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”. O parágrafo único da resolução destaca que “os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”.

Atos como esse infelizmente ainda podem ser cometidos por profissionais que não respeitam as próprias resoluções de seu código de ética da profissão, e freqüentemente misturam o que aprenderam na faculdade como ciência para sua atuação, com aquilo que acreditam pessoalmente em termos culturais, religiosos e pessoais. Repetindo: não há fundamentação científica para afirmar que o comportamento homossexual seja patológico ou que apenas o comportamento heterossexual seja o correto.

Há algum tempo, usava-se o argumento de que apenas a espécie humana apresentava comportamento sexual, não sendo encontrado nenhum análogo no reino animal, e que portanto tal conduta viria de “erros” na complexa personalidade humana, e nunca com uma base puramente biológica. O argumento hoje é obsoleto, tendo em vista que o comportamento sexual é verificado em diversas espécies animais, em muitos casos servindo de mecanismos da evolução da espécie, por mais contraditório que possa parecer.

Muito  menos ainda existem indícios que uma “psicoterapia” dessa natureza seja efetiva. A única base para tal afirmação é religiosa, e portanto não compete à Psicologia tal forma de “tratamento”.
A liberdade individual de cada indivíduo deve ser respeitada durante qualquer serviço ministrado por um psicólogo. 


Fontes para notícia:






Andre Borghi


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